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Lesões no ciclismo e suas possíveis causas

Hoje vamos discorrer sobre as lesões mais comuns no ciclismo, esporte já estabelecido em muitos países e com importante crescimento de adeptos na última década, especialmente no Brasil. O primeiro ponto a levar em consideração é a diversidade de modalidades dentro do ciclismo: estrada; pista; Mountain Bike (MB); Cyclo-Cross; BMX; indoor – e a consequente diversidade de lesões apresentada por cada uma delas.

Tanto o metabolismo e a biomecânica quanto o formato da bicicleta apresentam particularidades que resultam em um perfil de lesões específico. Por exemplo, no endurance (triatlo e estrada) observa-se um predomínio do componente aeróbio com exercício de longa duração submáxima, carga relativamente constante, posição estática e movimentos uniplanares. Enquanto nas provas de pista ou BMX, que são curtas e de alta intensidade, observa-se predomínio do componente anaeróbio com posição mais dinâmica e ênfase em potência e pliometria. Por fim, no Mountain Bike e no Cyclo-Cross têm-se uma mescla das características acima.

Lesões no ciclismo

Independente da modalidade, lesões traumáticas são comuns, e envolvem quedas e acidentes acometendo majoritariamente membros superiores, crânio, face e cervical. Cerca de 10-15% destas são graves (necessitam de remoção para serviço de atendimento terciário – por exemplo: fraturas, luxações, trauma cranioencefálico e trauma raquimedular).

Por outro lado, as lesões por sobrecarga acometem predominantemente membros inferiores e coluna lombar. Dentre as mais comumente encontradas pode-se citar: tendinopatia patelar, síndrome patelofemoral, síndrome do trato iliotibial, tendinopatia da pata de ganso, tendinopatia do tendão calcâneo, metatarsalgia, lombalgias/cervicalgias, neuropatias de punho e períneo e lesões de pele perineais.

A gênese da lesão envolve preparação inadequada (ex: pré temporada insuficiente), desajuste na carga de treino e ciclo de treinamento mal planejado (ex: picos de carga), déficit de fortalecimento e desequilíbrio muscular, erro biomecânico (ex: posição na bicicleta), particularidades anatômicas do esportista (ex: assimetria de membros; displasia troclear), movimentos e microtraumas de repetição (ex: áreas de contato como punho e períneo) e equipamento inapropriado (ex: tipo e formato do selim, capacete pesado).

Estudos epidemiológicos demonstram uma incidência anual de lesão por sobrecarga de aproximadamente 85%. Porém, apenas cerca de um terço do total necessita de atendimento médico e apenas cerca de 10-15% são graves a ponto de exigir afastamento temporário das atividades ou tratamento cirúrgico.

Manejo das lesões

O tratamento de lesões depende de um diagnóstico acurado e uma análise global em busca de possíveis fatores etiológicos. Além de medidas gerais como: gelo, farmacoterapia, fisioterapia, repouso relativo e órteses, necessita-se atenção especial para a possível raiz do problema, correção dos treinos, com inserção de treino resistido complementar específico (musculação), nutrição e descanso adequado, avaliação da postura do ciclista, mecânica da pedalada e ajuste do equipamento. Alterações biomecânicas localizadas como excesso de flexão lombar, “tilt” pélvico, excesso de valgo de joelho, hiperextensão/hiperflexão de joelho ou tornozelo durante o ciclo da pedalada são exemplos de pontos a serem avaliados.

Parte destes objetivos pode ser alcançados através do processo do “bikefit”, uma análise biomecânica por um profissional capacitado e proposta de adaptações ergonômicas que buscam fazer a geometria da bicicleta compatível com o ciclista, de forma a reduzir o risco de lesões e maximizar o desempenho. É importante ressaltar que  se trata de um processo fluído e contínuo que deve basear-se num raciocínio clínico com reavaliações recorrente das respostas após uma alteração sugerida.


Fonte:
https://pebmed.com.br/lesoes-no-ciclismo-como-manejar/

Autor da matéria:
Fernando Teles
Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) ⦁ Residência Médica em Medicina do Esporte e do Exercício pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) ⦁ Pós Graduação Medicina Esportiva Aplicado às Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) ⦁ Médico do Esporte do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da Prefeitura Municipal de São Paulo (COTP)

Mais informações acesse o link original da matéria.

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