Difícil sintetizar essa fantástica aventura realizada por um grupo de amigos (17, sendo 10 de Jaraguá do Sul, 05 de Blumenau, 01 de São Bento do Sul e 01 Campinas), ciclistas amadores, apaixonados pelo ciclismo. Para que tudo desse certo, não poderiam faltar as reuniões técnicas, onde tentaríamos tornar o grupo mais homogêneo em relação às magrelas, além de definirmos detalhes do evento, pois ciclista tem que primar pela segurança, usando capacete, camisa bem colorida, óculos, luvas e luzes dianteira e traseira, para serem bem visíveis, pois rodaríamos por estradas muito movimentadas. Fizemos alguns treinos em grupo na nossa região, para que todos pudessem se adaptar a um pedal coletivo, bem como para definirmos sobre as bikes a serem usadas, se levaríamos as nossas ou se alugaríamos. Resolvemos alugar com uma agência (biketourschile) de Santiago, que nos deu total apoio no percurso.
Uma viagem inesquecível.
Estávamos no final do verão de 2018, e chegou o dia da viagem para Santiago do Chile, e nosso primeiro encontro em terras chilenas, com o pessoal da agência de turismo de bike, foi no Café Literário, localizado no Parque Bustamante. Estávamos ansiosos, cada um com suas expectativas em relação às bikes, pois normalmente gostamos de pedalar com as nossas. Contudo, a adaptação às magrelas foi rápida, sendo que no final da aventura teve ciclista que não queria devolvê-la, ante a grande cumplicidade e companheirismo.
Fizemos dois pedais antes de começarmos nossa odisseia de Santiago/Mendoza, o primeiro, no dia 24/02/2018, foi épico, pois ocorreu no temido Vale Nevado… Que pedal, típico para ficar na memória de cada um, para contarmos para nossos filhos e netos, pois a classificação desta montanha, seguindo o critério do Tour de France, seria HD (Hors Catégorie) ou ?fora de categoria?. Muito pesada! Pedalamos 35km, sempre subindo, passando pelas curvas de Farellones, com ganho de elevação de 1.990m e muitas cãibras, pois chegamos a uma altitude de 3.032m no alto do Vale, onde a temperatura era de 6oC, com sensação térmica de 2oC.
O segundo dia de pedal (25/02/2018) foi de Curacaví até Casablanca (comunidade de Valparaíso), passando por belos parreirais, onde visitamos e fizemos uma gostosa degustação na Viña Kingston. Pedal de 60 kms e 770m de ganho de elevação. Após a visita à vinícola nos deslocamos para Valparaíso, cidade banhada pelo Oceano Pacífico, característica pelas suas montanhas, onde pernoitamos. Chegado ao terceiro dia de pedal (26/02/2018), iniciamos a cruzada Santiago/Mendoza, e tínhamos pela frente os não menos temidos Caracoles, principal ponto turístico das Cordilheiras dos Andes.
O nosso ponto de encontro foi no pé dos Caracoles (Comuna de Los Andes), para onde nos deslocamos de ônibus desde Valparaíso (188 km). Bikes prontas, partimos para o ataque aos Caracoles, onde ficamos embebidos pelo visual fantástico, e quase não percebemos os 40 km pedalados morro acima, com 1.750m de ganho de elevação, chegando a uma altitude máxima de 3.180m. Pedal difícil, mas tivemos a grata satisfação de perceber que os novatos na bike, que tinham voltado a pedalar no outono/2017, tiveram um desempenho muito acima da média. Almoçamos no Hotel Portillo, com o belo espelho d?água do “Laguna del Inca? emoldurando a não menos bela Cordilheira dos Andes. Magnífico, só que a temperatura já estava em 6oC. Após isso, seguimos para o ?Hostel de Montaña?. A primeira impressão foi boa, pois encontramos o local bem aquecido.
Experiência diferente para alguns, pois os quartos eram coletivos, com beliche, um para 7 ciclistas e dois para 5 ciclistas cada, mediante sorteio. Bem, como disse acima, só a primeira impressão foi boa, porque a água para o banho estava morna, e a temperatura externa beirava zero grau, além de ter só três chuveiros. A estrutura do hostel é para montanhista, bem singela. As beliches fizeram lembrar, para os que prestaram o serviço militar, a caserna; para os seminaristas, os alojamentos; para os escoteiros, os acampamentos; e, para os demais, a experiência foi única.
No dia seguinte (27/02/2018) partimos para o nosso quarto dia de pedal (Las Cuevas ? Uspallata), e o início do pedal foi na RN-7, na porta de acesso ao Parque Provincial Aconcágua. Lugar belíssimo e desafiador, que já havia sido escalado por um componente do grupo. Após pedalarmos alguns quilômetros chegamos à aduana Argentina, onde tivemos um procedimento demorado, em razão das bikes.
Na sequência, partimos em direção a Uspallata, porém antes paramos em ?Puente del Inca?, onde o guia turístico contou a bela história local… Saciados pela história, reiniciamos o pedal, apreciando o visual deslumbrante da cordilheira, que a cada curva nos presenteava com um quadro diferente? Rodamos 75km e tivemos 530m de ascensão, passando por muitos túneis. No início da tarde já estávamos no Grande Hotel Uspallata.
Acordamos para o quinto dia de pedal (28/02/2018), Uspallata/Mendoza, com um frio enorme, e soubemos que na noite anterior havia nevado no alto da cordilheira (neve fora de época ? verão), inclusive em Las Cuevas, onde pernoitamos. Nos preparamos para o frio, com muita roupa térmica e corta vento, e partimos em direção a Mendoza, porém, antes, contemplamos a neve no topo da cordilheira.
Mais um belo pedal, sempre ao lado do rio Mendoza, com um visual diferente, mas não menos agradável. No caminho paramos para uma breve refeição ao lado das lindas águas do Embalse Potrerillos, na RN-7, e partimos para Mendoza, sendo que a chegada foi na Bodega Séptima, com especial degustação de vinho. O sexto dia de pedal (01/03/2018) foi pela Rota das Vinícolas, em Mendoza, 5a maior região produtora de vinho no mundo, com mais de 1.100 bodegas. Pedalamos até a Bodega Vistalba, com nova degustação de vinho.
Após, seguimos pedalando para a Bodega Chandon, onde tivemos um excelente almoço, regado a uma esplêndida sequência de vinhos e espumante. Neste dia, o pedal foi de 35 km e 165m de ganho de elevação.
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
O previsto para o sétimo dia (02/03/2018) era um pedal leve, após a visita à primeira vinícola ? Bodega Rolland (Clos de Los Siete) ? de Michel Rolland, um dos melhores enólogos do mundo. O deslocamento para a vinícola demorou, porque fica em uma localidade distante (Vista Flores – Valle de Uco).
A apresentação na vinícola também foi demorada, e optamos, após a degustação, em voltarmos de ônibus e não de bike. Decisão acertada, porque, caso contrário, chegaríamos muito tarde para o almoço no Restaurante Gaia, com outra sequência de vinhos e espumante.
Participantes: – Adélcio Salvalágio; – Carlos Zardo (relator); – Denilson de Paula; – Durval Marcatto; – Edison Abreu; – Ermelindo Rezende (coordenador); – Félix Zardo; – Hercilio Schmitt; – João Felinto; – Loreno Nazatto; – Marcelo Ferreira; – Marcos Zanghelini; – Osnildo Maçaneiro; – Paulo Chiodini; – Paulo Mattos; – Richard Hermann; – Vicente Donini;
Foto: RedeBull
Por: Revista Nossa